Muitos rostos novos nesta visita ao treino da equipa de futsal do Eléctrico FC quando caminhamos a passos largos para o primeiro confronto oficial desta época desportiva. O grupo conta com uma média de idades a rondar os 25 anos, sendo que combina jogadores muito jovens e outros bem mais experientes, mas a sensação é já de união, boa disposição e vontade de vencer. É a trabalhar, duas vezes por dia, e já com alguns jogos de preparação nas pernas, que o grupo se tem vindo a conhecer. 
Na baliza encontramos um dos primeiros reforços de Kitó Ferreira, que permanece no comando da equipa pontessorense. Falamos de Cristiano Marques, que chegou por empréstimo do SL Benfica, e que se junta a Diogo Basílio e Bruno Castro (Dona) para formar o trio de guarda-redes que defenderão as redes do Eléctrico. Também do Benfica chegaram ainda mais duas promessas, Silvestre Ferreira e Bruno Graça, e outra das novidades são os "veteranos" Rodriguinho, Bello e Nuninho, os dois primeiros com experiência no Médio Oriente e o último com uma larga carreira, que conta com passagens por Itália e Roménia. O jovem Henrique Vicente chega do Farense, também para se juntar a uma equipa que manteve André Maluko, Nem, Wendell, Renan Fuzo, Alexandre Prates (Xandinho) e Filipe Pereiro, e de regresso ao Alto Alentejo está igualmente o jovem formado em Sousel e que, na última época, esteve ao serviço do Burinhosa, Miguel Pegacha.
Estes são os argumentos da equipa que se apresentou oficialmente a 27 de Agosto, num jogo contra a Selecção da Arábia Saudita, que o Eléctrico FC bateu por cinco bolas a três. A preparação, que incluiu ainda confrontos com a AD Fundão e a AD Retaxo, está prestes a terminar e a equipa já tem os olhos postos no frente a frente com o campeão nacional.
Nesta visita a Ponte de Sor, falámos com Francisco Santana-Maia, da Direcção do Eléctrico FC, os jogadores Diogo Basílio e Rodriguinho, e finalmente com Kitó Ferreira, o treinador da equipa, que nos deram conta das suas expectativas para uma época que todos consideram difícil, mas na qual o clube não vai abdicar da ambição de querer construir o seu caminho.

“Queremos fazer pelo menos igual à época passada, mas sabemos que vai ser muito difícil”

Consciente das expectativas dos adeptos e, simultaneamente, do aumento da competitividade na Liga Placard, Francisco Santana-Maia, da Direcção do Eléctrico FC, deixa o alerta de que vai ser “muito difícil fazer igual à última época” e que a manutenção é já um resultado muito positivo. 
“Tentámos profissionalizar o clube e foi uma mudança radical em relação à estratégia da última época. Deixámos de ter jogadores naquele vai e vem a Lisboa, e temos 95 por cento do plantel a viver em Ponte de Sor e a treinar duas vezes por dia. No entanto, sabemos das dificuldades. Perdemos o factor surpresa da última época, os adversários respeitam-nos e sabemos que temos provavelmente o segundo ou terceiro orçamento mais baixo da Liga, e que todas as equipas estão a investir muito forte. Se conseguíssemos voltar a atingir o play-off era excelente, mas assegurar a manutenção já era muito bom para o clube e para a terra”, argumenta o dirigente. 
Quanto às mudanças na equipa, Francisco Santana-Maia assume que o Eléctrico perdeu jogadores importantes, mas confia na qualidade dos reforços. 
“Fazemos o nosso trabalho de scouting, acreditamos na mais-valia que estes jogadores representam e queremos projectar a sua qualidade, até porque não podemos ombrear com orçamentos da grande maioria das equipas da Liga, principalmente porque o Eléctrico FC é um clube extremamente eclético”, explica, lembrando as apostas no futebol, no basquetebol, na dança, na natação, entre outros.
O Eléctrico FC conta com o apoio do Município de Ponte de Sor, da AMatosCar – que patrocina oficialmente a equipa de futsal, e ainda de várias empresas do concelho de Ponte de Sor. Apoios que o clube considera fundamentais para, juntamente com o rigor orçamental e a criatividade, conseguir atingir todos os seus objectivos. 

“Um sonho tornado realidade”

Conversámos ainda com o jovem guarda-redes, Diogo Basílio. Formado no clube da sua terra, o guardião não esconde a paixão e o orgulho que sente por ver o Eléctrico FC “a bater-se com os grandes do futsal nacional”
“Nunca imaginei, provavelmente ninguém imaginou quando fundou esta secção, mas é um sonho tornado realidade”, declara o jovem de 22 anos.
Satisfeito com a preparação, Diogo garante que a equipa “está a construir algo que pode ser muito bom”. “Estamos a trabalhar muito. Cometemos erros, mas temos compreendido onde estamos a errar e corrigimos”, acrescenta. 
Ansioso pelo arranque da competição, o guarda-redes mostra-se consciente das dificuldades, mas transmite que o grupo tem a ambição de fazer melhor que na última época e “cimentar o nome do Eléctrico FC no panorama nacional do futsal”

“Esperamos surpreender, tal como o Eléctrico FC fez na última época”

Perto da estreia oficial, Rodriguinho está entusiasmado e a adorar a experiência no Eléctrico. O experiente ala brasileiro, de 32 anos, admite que “o começo foi difícil”, fruto de uma enorme mudança. Rodrigo Rocha (Rodriguinho) jogou várias épocas no Médio Oriente, principalmente no Catar, onde adquiriu dupla nacionalidade e foi internacional, mas não esconde as diferenças na velocidade e intensidade do jogo. 
"Sinto que, com os treinos que temos feito - e o mister Kitó tem me ajudado muito, tenho tudo para poder dar certo aqui e fazer uma boa época. (…) estou a adorar Ponte de Sor, é uma cidade tranquila, não tem aquele caos de uma cidade grande e para trabalhar - e até para conviver - tem sido muito bom. O Eléctrico FC é um clube que está a crescer, à procura de voos maiores e eu acredito que, com este grupo e com o trabalho que estamos a fazer, podemos chegar a lugares que a gente não espera”, afirma.
Em véspera do jogo com o Sport Lisboa e Benfica, Rodriguinho salienta que “jogar contra equipas grandes é sempre bonito e importante para todos” e espera que o clube consiga “fazer um grande jogo e surpreender, tal como o Eléctrico FC fez na última época, e sair com um resultado positivo”.

“Prevejo que será o campeonato mais difícil e mais competitivo dos últimos anos”

Por último entrevistámos o treinador da equipa de futsal do Eléctrico FC, Kitó Ferreira, que destacou o percurso iniciado no dia 10 de Outubro de 2018, um caminho “para conseguir afirmar o Eléctrico FC na elite do futsal em Portugal”.
Kitó Ferreira acredita que o clube, pelo respeito que conquistou e por aquilo que construiu em termos de competição no último ano, está perante a época “mais difícil do Eléctrico FC em termos de futsal”. 
O treinador realça a renovação do plantel e a aposta nos jovens jogadores de Ponte de Sor, e garante que o Eléctrico FC está a fazer “um grande trabalho na construção do grupo para este se tornar uma equipa”.
“Essa foi a nossa prioridade porque estamos a falar de um misto de jogadores muitos jovens com jogadores com mais experiência, idade e vivências. Sinto que o nosso caminho, que é difícil como é óbvio, se está a construir de uma forma muito segura”, sublinha.
Em relação ao jogo de sexta-feira com o Sport Lisboa e Benfica, que irá ser transmitido pelo Canal 11 a partir das 20 horas, Kitó Ferreira sabe que o Eléctrico FC vai defrontar “uma das melhores equipas do mundo”, mas acrescenta que “é exactamente aqui que queremos estar”
“Com muito respeito por todas as equipas da Liga, porque prevejo que será o campeonato mais difícil e mais competitivo dos últimos anos, vamos olhar para a nossa equipa, porque não abdicamos da ambição de querer construir o nosso caminho. E construindo o nosso caminho em competição, será sempre na busca da vitória…e na sexta-feira queremos ganhar”, refere o treinador, que espera casa cheia e apela à presença e carinho dos adeptos e dos apaixonados pelo futsal. 
E por falar em paixão…Kitó Ferreira não poupou elogios à população e ao Município, pela aposta, pela confiança e pelo carinho. “Sentimos que, dentro e fora da quadra, a cidade está connosco. Isso é muito importante e até por isso a nossa responsabilidade é maior. Temos que ter a coragem de assumir a responsabilidade de trazer este emblema ao peito e trabalhar diariamente para conquistar os nossos objectivos”, conclui.